Olá amigos,
Revirando antigos arquivos das exposições encontrei cópia de uma entrevista feita por duas alunas do Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz ao Sr. Jorge Tardin no ano de 1993.
A qualidade da cópia não era boa, por isso transcrevi o conteúdo da entrevista que segue:
ENTREVISTA
Sr.
Jorge Tardin
-
por Evanita e Gracinha –
RE –
De quantas pessoas é formada a comissão organizadora da exposição?
JT –
As comissões eram compostas por 22 pessoas, mas com o passar do tempo,
comprovamos que, como tudo no Brasil, somente 4 a 5 pessoas trabalham; e que
muitos faziam parte na comissão para terem privilégios com seus familiares,
acarretando na maioria da vezes despesas desnecessárias, e alguns atrapalhando
com sugestões desnecessárias e pouco objetivas; então partimos para uma racionalização
e modernização da comissão, fixando-a em: Presidente Executivo –
Vice-Presidente Executivo – Secretário e Tesoureiro.
RE –
Como começou a exposição em Barra Alegre? Quais foram os objetivos iniciais e
de quem foi a ideia?
JT –
A ideia surgiu numa conversa de bar em Bom Jardim, entre o saudoso professor
Mário Barreto do Rio de Janeiro, que possuía um sítio em Barra Alegre e alguns
amigos seus que me procuraram e eu
gostei e abracei a ideia. Partimos então para a realização da l Exposição em
1980 (inclusive com registro e legalização na Secretaria de Agricultura e
canais competentes), mesmo porque sendo um apreciador de Exposições
Agropecuárias, quando as visitava, principalmente em Cordeiro, senti então que
poderíamos conquistar também pessoas de fora para abraçarem nossas causas,
ajudando-nos a atrair benefícios que tanto necessitávamos (energia elétrica,
telefone, correios, asfalto, etc.) a maioria hoje conquistados e muitos outros
ainda a conquistar que tanto beneficiarão ao povo da nossa região.
RE –
Qual foi a melhor exposição que Barra Alegre já teve?
JT –
Apesar do sucesso gratificante e da presença maciça do povo em todas elas, o
que transformou a exposição no maior evento do nosso Município, marcaram nossos
espíritos , pelo orgulho do objetivo alcançado.
A
Terceira (1982) – Quando inauguramos a energia elétrica para toda Barra Alegre.
A
Sexta (1985) – Quando tivemos a confirmação do início do asfalto (7 km).
A
Décima Primeira (1990) – Quando foi inaugurado o primeiro telefone público em
Barra Alegre, DDD antes mesmo da sede do Município.
A
Décima Quarta (1993) – Quando pela primeira vez contamos com apoio total do
Prefeito e seu governo.
RE –
Sabemos que já houve governos tentando mudar o local da Exposição. O que o
senhor pensa a esse respeito?
JT-
Toda grande realização sempre sofre pressões, boatos e distorções por parte de
pessoas geralmente incapazes e mal intencionadas. Mas devo esclarecer que a
partir do sucesso da segunda Exposição, foi iniciado um movimento de
desestabilização por parte de alguns politiqueiros e conservadores, ligados ao
poder econômico mormente de Barra Alegre, que perceberam o alcance político e
social que o evento estava adquirindo, e que inevitavelmente se tornaria um
evento popular, onde perderiam seus privilégios, pois queriam transformar a
Exposição num mero piquenique de uns poucos. Coisa que não concordei, pois se
assim acontecesse, tenho certeza, não conseguiríamos atingir os objetivos
alcançados e ainda alcançar. Então este pequeno grupo induziu o prefeito da
época gestão 1983/1988 a comprar um terreno alagado (brejo), gastando-se na
época verdadeira fortuna com a “compra” e com horas de máquinas (muitas das
quais foram sucateadas) para posteriormente abandoná-lo, um verdadeiro crime de
desperdício com o dinheiro do povo. Posteriormente, no malfadado governo
1989/1992 sofremos nova investida, por parte do poder público Municipal,
novamente a Prefeitura “adquire” outro terreno inadequado, desta feita, nas
proximidades da cidade (sem espaço físico para uma Exposição do nível da
nossa), buscando castigar politicamente o povo de Barra Alegre por ter ameaçado
com votação contraria a eleição daquele prefeito, que na minha forma de pensar
poderia ter deixado sua vingança pessoal de lado, e construir neste terreno um estádio de futebol completo e
aberto, um espaço para as escolas de samba, principalmente para o esforçado e
laborioso povo de São Miguel, ou já que eram contra festas populares , fizessem
um pequeno complexo industrial para gerar empregos, absorvendo a mão-de-obra
abundante em nosso Município.
RE-
Qual é a expectativa da Exposição esse ano? Quantas Pessoas devem vir?
JT –
Recebi esta entrevista por escrito após a realização da XlV Exposição, o que
tirou o sentido da pergunta, mas posso afirmar que durante os cinco dias
circularam entre expositores, visitantes, autoridades, tratadores e pessoal de
apoio, cerca de 20 mil pessoas, o que garantiu mais um sucesso total.
RE –
Por que as cores da Exposição são branca
e azul?
JT
- A Exposição não tem cor, eu simpatizo
com o branco e o azul e as fiz cores padrão do parque, não por superstição, mas
por achar cores bonitas e entender que simbolizam a paz e o céu azul, e por não
ser conservador, introduzi agora nas cores do parque também o vermelho,
simbolizando o sol, a alegria do povo e a alegria que Deus tem me dado e a
minha família.
RE –
Quais são os projetos para as próximas Exposições?
JT –
Eu assumi o compromisso comigo mesmo de ajudar os amigos, os meus amigos, os
meus poucos inimigos gratuitos, e ao povo de minha querida Barra Alegre,
lutando com a realização da Exposição, até que alcancemos o grande objetivo,
que é trazer o asfalto até Barra Alegre, para mim, a espinha dorsal no
desenvolvimento de nosso Município, haja vista o escoamento da nossa produção de
hortifrutigranjeiros (120 toneladas/dia), além de transformar o parque de
Exposições num pólo turístico permanente, divulgaremos e atrairemos divisas
para nossa cidade, proporcionando ainda lazer e diversão, dando oportunidade ao
homem simples do campo, como sempre fizemos, de ver ao vivo artistas famosos do
rádio e TV, já que sem o evento da Exposição, muitos não poderiam se deslocar
até os grandes centros e realizar seu sonho de ver ao vivo seu artista
preferido. E também assim criar condições favoráveis evitando o esvaziamento de
nossa região. Sinto-me também realizado por poder legar os benefícios já
conquistados (energia elétrica, telefone, Correios, início do asfaltamento,
etc.) à comunidade de Barra Alegre e aos visitantes. Fruto de meu esforço, minha
família, dos amigos, que nunca me abandonaram, porque ninguém faz nada sozinho.
E quero afirmar nesta oportunidade que tenho convicta certeza de que o governo
Brizola, através da Deputada Aparecida Gama e Prefeito Paulo Barros estarão
como demonstraram, lado a lado comigo e com o povo de Barra Alegre.
REVISTA
DO ESTUDANTE, 2ª edição, outubro de 1993.
Produzida
pelo alunos da 5ª série do 1º grau do Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz.
Coordenação:
Professora Rejane de Souza Serrano.