terça-feira, 10 de junho de 2014

Entrevista com Jorge Tardin em 1993

Olá amigos,

Revirando antigos arquivos das exposições encontrei cópia de uma entrevista feita por duas alunas do Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz ao Sr. Jorge Tardin no ano de 1993.
A qualidade da cópia não era boa, por isso transcrevi o conteúdo da entrevista que segue:

ENTREVISTA
Sr. Jorge Tardin
- por Evanita e Gracinha –
RE – De quantas pessoas é formada a comissão organizadora da exposição?
JT – As comissões eram compostas por 22 pessoas, mas com o passar do tempo, comprovamos que, como tudo no Brasil, somente 4 a 5 pessoas trabalham; e que muitos faziam parte na comissão para terem privilégios com seus familiares, acarretando na maioria da vezes despesas desnecessárias, e alguns atrapalhando com sugestões desnecessárias e pouco objetivas; então partimos para uma racionalização e modernização da comissão, fixando-a em: Presidente Executivo – Vice-Presidente Executivo – Secretário e Tesoureiro.
RE – Como começou a exposição em Barra Alegre? Quais foram os objetivos iniciais e de quem foi a ideia?
JT – A ideia surgiu numa conversa de bar em Bom Jardim, entre o saudoso professor Mário Barreto do Rio de Janeiro, que possuía um sítio em Barra Alegre e alguns amigos seus que me procuraram  e eu gostei e abracei a ideia. Partimos então para a realização da l Exposição em 1980 (inclusive com registro e legalização na Secretaria de Agricultura e canais competentes), mesmo porque sendo um apreciador de Exposições Agropecuárias, quando as visitava, principalmente em Cordeiro, senti então que poderíamos conquistar também pessoas de fora para abraçarem nossas causas, ajudando-nos a atrair benefícios que tanto necessitávamos (energia elétrica, telefone, correios, asfalto, etc.) a maioria hoje conquistados e muitos outros ainda a conquistar que tanto beneficiarão ao povo da nossa região.
RE – Qual foi a melhor exposição que Barra Alegre já teve?
JT – Apesar do sucesso gratificante e da presença maciça do povo em todas elas, o que transformou a exposição no maior evento do nosso Município, marcaram nossos espíritos , pelo orgulho do objetivo alcançado.
A Terceira (1982) – Quando inauguramos a energia elétrica para toda Barra Alegre.
A Sexta (1985) – Quando tivemos a confirmação do início do asfalto (7 km).
A Décima Primeira (1990) – Quando foi inaugurado o primeiro telefone público em Barra Alegre, DDD antes mesmo da sede do Município.
A Décima Quarta (1993) – Quando pela primeira vez contamos com apoio total do Prefeito e seu governo.
RE – Sabemos que já houve governos tentando mudar o local da Exposição. O que o senhor pensa a esse respeito?
JT- Toda grande realização sempre sofre pressões, boatos e distorções por parte de pessoas geralmente incapazes e mal intencionadas. Mas devo esclarecer que a partir do sucesso da segunda Exposição, foi iniciado um movimento de desestabilização por parte de alguns politiqueiros e conservadores, ligados ao poder econômico mormente de Barra Alegre, que perceberam o alcance político e social que o evento estava adquirindo, e que inevitavelmente se tornaria um evento popular, onde perderiam seus privilégios, pois queriam transformar a Exposição num mero piquenique de uns poucos. Coisa que não concordei, pois se assim acontecesse, tenho certeza, não conseguiríamos atingir os objetivos alcançados e ainda alcançar. Então este pequeno grupo induziu o prefeito da época gestão 1983/1988 a comprar um terreno alagado (brejo), gastando-se na época verdadeira fortuna com a “compra” e com horas de máquinas (muitas das quais foram sucateadas) para posteriormente abandoná-lo, um verdadeiro crime de desperdício com o dinheiro do povo. Posteriormente, no malfadado governo 1989/1992 sofremos nova investida, por parte do poder público Municipal, novamente a Prefeitura “adquire” outro terreno inadequado, desta feita, nas proximidades da cidade (sem espaço físico para uma Exposição do nível da nossa), buscando castigar politicamente o povo de Barra Alegre por ter ameaçado com votação contraria a eleição daquele prefeito, que na minha forma de pensar poderia ter deixado sua vingança pessoal de lado, e construir  neste terreno um estádio de futebol completo e aberto, um espaço para as escolas de samba, principalmente para o esforçado e laborioso povo de São Miguel, ou já que eram contra festas populares , fizessem um pequeno complexo industrial para gerar empregos, absorvendo a mão-de-obra abundante em nosso Município.
RE- Qual é a expectativa da Exposição esse ano? Quantas Pessoas devem vir?
JT – Recebi esta entrevista por escrito após a realização da XlV Exposição, o que tirou o sentido da pergunta, mas posso afirmar que durante os cinco dias circularam entre expositores, visitantes, autoridades, tratadores e pessoal de apoio, cerca de 20 mil pessoas, o que garantiu mais um sucesso total.
RE – Por que as cores da  Exposição são branca e azul?
JT -  A Exposição não tem cor, eu simpatizo com o branco e o azul e as fiz cores padrão do parque, não por superstição, mas por achar cores bonitas e entender que simbolizam a paz e o céu azul, e por não ser conservador, introduzi agora nas cores do parque também o vermelho, simbolizando o sol, a alegria do povo e a alegria que Deus tem me dado e a minha família.
RE – Quais são os projetos para as próximas Exposições?
JT – Eu assumi o compromisso comigo mesmo de ajudar os amigos, os meus amigos, os meus poucos inimigos gratuitos, e ao povo de minha querida Barra Alegre, lutando com a realização da Exposição, até que alcancemos o grande objetivo, que é trazer o asfalto até Barra Alegre, para mim, a espinha dorsal no desenvolvimento de nosso Município, haja vista o escoamento da nossa produção de hortifrutigranjeiros (120 toneladas/dia), além de transformar o parque de Exposições num pólo turístico permanente, divulgaremos e atrairemos divisas para nossa cidade, proporcionando ainda lazer e diversão, dando oportunidade ao homem simples do campo, como sempre fizemos, de ver ao vivo artistas famosos do rádio e TV, já que sem o evento da Exposição, muitos não poderiam se deslocar até os grandes centros e realizar seu sonho de ver ao vivo seu artista preferido. E também assim criar condições favoráveis evitando o esvaziamento de nossa região. Sinto-me também realizado por poder legar os benefícios já conquistados (energia elétrica, telefone, Correios, início do asfaltamento, etc.) à comunidade de Barra Alegre e aos visitantes. Fruto de meu esforço, minha família, dos amigos, que nunca me abandonaram, porque ninguém faz nada sozinho. E quero afirmar nesta oportunidade que tenho convicta certeza de que o governo Brizola, através da Deputada Aparecida Gama e Prefeito Paulo Barros estarão como demonstraram, lado a lado comigo e com o povo de Barra Alegre.
REVISTA DO ESTUDANTE, 2ª edição, outubro de 1993.
Produzida pelo alunos da 5ª série do 1º grau do Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz.

Coordenação: Professora Rejane de Souza Serrano.

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